O Epicurista Portuense

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Um Blog de prazeres profundos, mesmo que por vezes muito simples...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PORTO> TASQUINHO> Restaurante REI DOS GALOS DE AMARANTE



O Rei dos Galos de Amarante convive há cerca de 35 anos na baixa, na Rua das Taipas – 121, mesmo ao lado da Antiga Cadeia da Relação, actualmente o Centro Português de Fotografia. Aberto todos os dias da semana, ao almoço e jantar, encerra para justo descanso ao fim-de-semana, excepto se ao sábado algum grupo reserve presença antecipadamente.
Nasceu como uma adega típica onde servia uns petiscos e vinho directamente do pipo, era muito procurada por tertúlias estudantis, tendo sido inclusivamente baptizada neste meio por «academia do rei dos galos», simbolicamente assinalada com uma placa de mármore da parede. Passaram por estas mesas jovens estudantes como, por exemplo, Siza Vieira.Com a saída de muitas das faculdades do centro da cidade, a casa sofreu e evoluiu para restaurante regional, com muita pena da gerência.
Os donos, um casal natural de Amarante, são de grande simpatia e um cartão-de-visita do bem receber portuense. A D. Maria Rosa manda na cozinha e o Sr. Rodrigo no balcão e nas mesas.
A diária é uma autentica oferenda gastronómica aos deuses, composta por: (2ª) desfeita; (3ª) favas com presunto e frango na caçarola; (4ª) feijão à transmontana; (5ª) tripas à moda do Porto e arroz de pato; (6ª) cozido à portuguesa e coelho à caçador… e todos os dias, desde que marcado de véspera, um arroz de cabidela de frango do campo, muito consagrado entre a freguesia.
EPICURO ME CONFESSO****
Almocei nesta casa dos Pereiras na passada 3ª feira e tive a oportunidade de degustar as favas com presunto e provar o frango na caçarola.
Quanto às favas, divinais. Muito tenras e gostosas, com um presunto no ponto, e um caldo muito apuradinho, daqueles que o pão agradece. O frango também muito bom, bem alourado e com umas batatas às rodelas verdadeiras e bem fritas, acompanhas com uns grelos frescos.
No final, tive a oportunidade de falar com a patroa da cozinha, a D. Maria Rosa, que me explicou como faz as suas tripas, e confesso que ainda estou com água na boca, mas que vou poder tirar numas destas próximas quintas-feiras. À despedida aconselhou-me que na próxima visita prove também o requeijão com doce de abóbora feito por ela…
Quanto à conta, muito em conta. Meia dose de favas por 6€ e meia de frango por 7,50€, pelo que a minha parte valeu bem os 8€ que lá deixei.
O Rei dos Galos é uma morada que conjuga a arte de bem cozinhar com um ambiente familiar, acolhedor e muito castiço. Enfim, o que se pode chamar uma verdadeira casa de comida!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

MACEDO CAVALEIROS> TASQUINHO> Restaurante Choupada (ou) 5 Croas


O Restaurante Choupada, mais conhecido por 5 Croas, fica na Choupada, em Macedo de Cavaleiros. Como é muito conhecido, quando chegar ao centro de Macedo pergunte aonde fica que é a maneira mais fácil de lá chegar. Se tiver dúvidas pode-as tirar através do telefone da casa: 278 421 556.

Aberto todos os dias ao almoço e ao jantar, mas atenção que à noite fecha relativamente cedo, pelo que se chegar depois das 21h30 o mais provável é ficar sem jantar.

O espaço é muito simples, sem qualquer preocupação de requinte, patroneado na sala pelo Sr. Armando, o dono, e na cozinha pela sua mulher.

EPICURO ME CONFESSO****

Enquanto esperava pela Posta à Choupada, na mesa umas boas azeitonas caseiras e um pão que não se encontra nos grandes centros urbanos entretinham o meu tempo.

Não tinha passado muito tempo, quando pela mão do timoneiro deste barco, chegou à mesa a tão aguardada posta de carne, acompanhada de uma salada de alface de horta caseira e a tradicional batata cozida. Eu como gosto muito de batatas fritas e nesta casa são muito boas, pedi ao Sr. Armando que acedeu ainda que a contragosto.

A matéria-prima é de grande qualidade, bem grelhada, muito saborosa, tenra e suculenta. Como aprecio a carne muito mal passada, solicitei, visto que normalmente a carne aqui vem a meio termo.

A acompanhar o vinho maduro tinto da casa, que é de produção local e do próprio, que é um vinho típico de lavrador, puro e honesto, mas que casa muito bem com a posta.

Finalmente, e para terminar em beleza, um queijo com marmelada e doce de abóbora da casa excelente.

A conta final ficou-se por uns bem dados 10€ “por cabeça”, que tendo em conta a qualidade e quantidade da carne deve dar que pensar a muito bom talhante. A Posta à Choupada, que dá à vontade para 2 pessoas, vale 12€; queijo com marmelada e doce de abóbora fica-se pelos 2€.

Por tudo isto e muito mais que não consegui transmitir e mostrar, este é um ponto de paragem obrigatória para quem andar por estas bandas.

FESTAS> MACEDO CAVALEIROS> Feira da Caça e do Turismo


Este fim-de-semana decorreu em Macedo de Cavaleiros a Feira da Caça e do Turismo. De informação turística tinha pouco, aliás o nosso país é normalmente muito pouco feliz a promover as suas melhores coisas, mas turistas como eu, uns quantos. Quanto à Caça, como não sou praticante nem tão pouco fã, não sei se era boa ou não, mas tinha umas quantas barracas interessantes adjacentes, nas quais destaco uma de Amarante de calçado artesanal, outra de roupas em lã da Serra da Estrela e uma de bonés de campo com uma enorme variedade.
Finalmente, a melhor zona, que era constituída por gastronomia regional. Não tendo muitos expositores da casa, o que é pena porque estamos numa zona onde se come muito bem, uma mostra rica em queijos, enchidos, licores caseiros e pastelaria tradicional. Aqui destaco uma proveniente do Sabugueiros e de seu nome “Enchido Serrano” (sito na Rua das Barreiras – Sabugueiro - Seia), com uma fabulosa bola de enchidos e queijo da serra. A acompanhar bebi de uma barraca próxima uma sangria de ginja, que provei pela primeira vez e foi uma agradável surpresa à boca.
EPICURO ME CONFESSO**
Vir à Feira pela Feira, na minha opinião não vale a pena. Aproveitar a Feira como motivo para um fim-de-semana em Macedo de Cavaleiros, onde completamos o programa com uma boa posta de carne à mesa e uma dormida em ambiente confortável e agradável já me parece uma boa opção.
E foi isso que aconteceu…

domingo, 29 de janeiro de 2012

PORTO> TASQUINHAS> Taberna A BADALHOCA



A Taberna A Badalhoca, ou vulgarmente só chamada no burgo por “Badalhoca”, vive há mais de 120 anos junto às traseiras do Colégio do Rosário, na Rua Dr. Alberto Macedo - 437, em Ramalde.
Referenciado em cima do Balcão como da “Família Zuzarte”, e única em Portugal segundo os próprios, a grande timoneira e a cara da casa é a D. Lurdes, mais conhecida por Badalhoca, que comanda com autoridade os restantes serviçais.
Com uma clientela que atravessa transversalmente todos os estratos sociais, subscrevo o que um dia li e se referia que é nessa mistura que se compõe um ambiente familiar e extremamente democrático
Do almoço até perto das 8 da noite, menos ao Sábado à tarde e ao Domingo, a Badalhoca não tem mãos a medir, enquanto o marido, Sr. Fernando, passa o tempo, impávido e sereno, mecanicamente à volta da máquina a fatiar o presunto. O filho Alfredo é como um “pião das nicas”, dando uma mão onde é necessário.
Sou cliente há muitos anos, até porque habitamos no mesmo bairro do Pinheiro Manso, e ainda conheci esta “toca” com serrim no chão, mas actualmente trocaram essa pratica pela tijoleira, mas a evolução foi coerente e não deixou que qualquer modernidade estragasse a mística.
Continua um “ninho” boavisteiro, com fotografias e noticias a decorar, e com o fanatismo dos Zuzartes a não se moderar, mesmo com o Boavista a fazer a travessia no deserto.
Em frente mora a Padaria deles, um importante braço direito da Tasca da Badalhoca, com pão sempre fresco e de grande gabarito. O porco é bom, mas o segredo está na conjugação do pão estaladiço e saboroso com o presunto bem fatiado e “fresco”, ou não vendessem mais de 100 pernas por mês.
EPICURO ME CONFESSO****
Apesar de mais de uma dezena de opções disponíveis para os comensais, e que vão das postas de bacalhau às iscas de fígado, das tripas ao bucho, passando pelas bifanas, e das muito solicitadas canecas de vinho da casa (nomeadamente o espadal), confesso que a minha primazia nesta casa são as sandes de presunto.
Ainda esta semana, passei por cá e por gula parei para comer uma sandes de presunto e beber uma Super Bock em garrafa, mas não resisti aos meus instintos e só consegui acabar à terceira.
Este é sem dúvida um canto deste nosso Porto a voltar. Quando a Primavera chegar e os dias aumentarem, vale a pena ao final de tarde dar “dois dedos de conversa” e vir aqui degustar umas sandes de presunto e uma cerveja ao ar livre, à porta da Badalhoca.
O preço é também muito convidativo: 3 sandes de presunto (1,40€/cada), mais uma cerveja Super Bock em garrafa (1,50€), e aquelas mãos que tanto albergam o dinheiro como servem presunto, receberam 4,30€.