O Epicurista Portuense

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Um Blog de prazeres profundos, mesmo que por vezes muito simples...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Novo Endereço

Ao fim de três meses, este blog vai ter uma nova morada, agora nacional, na portuguesa plataforma da blogosfera SAPO.

sexta-feira, 9 de março de 2012

PORTO> RESTAURANTE PORTUCALE


O Restaurante Portucale mora na Rua da Alegria – 598, no 13º andar, num edifício conhecido por Cooperativa dos Pedreiros. Aberto todos os dias, é aconselhável ao jantar chegar antes das 22h30, no caso a mesa não esteja antecipadamente reservada.

Se uma casa de comida viver em tão elevado andar é pouco comum no nosso país, o facto de se localizar numa das zonas mais altas da cidade, permite uma vista panorâmica única sobre a cidade do Porto e Vila Nova de Gaia

A caminho dos 43 anos, mantém intocável o legado deixado por Ernesto de Azevedo, a alma do Portucale durante gerações. O interior é marcado por uma época, com um envolvimento de madeiras e alcatifas, com cadeiras tipo poltronas e candeeiros privativos em cada mesa, numa harmonia que em conjunto com a vidraça transmite um verdadeiro sentimento de requinte glamour de outras épocas, infelizmente cada vez mais perdido na actualidade.

A lista é generosa e diversificada, dividida entre Entradas, Sopas, Pratos de Ovos, Peixes, Carnes, Grelhados, Legumes, Saladas e Sugestões da Cozinha (Portuguesa e Internacional). Nas Entradas encontramos uma Concha de gambas gratinada, Corações de alcachofras com toucinho fumado, Crepes de camarão, Mil folhas de foie gras com trufas... Nas sopas, a de tomate com ovo escalfado, o Gaspacho andaluz…. Nos Peixes, o Bacalhau à marinheiro, o Cherne à mordomo, os Lombos de pescada à moda do chefe… Nas Carnes, o Cabrito estufado à serrana, o Magret de pato com molho de cebola e framboesa, o Bife à Portucale, a Perdiz estufada com castanhas, a Galinha do mato assada com castanhas, o Lombo de boi flamejado, as famosas tripas à moda do Porto… Os Doces e Queijos são vários e passeiam-se de carrinho pela sala.

A carta de vinhos é muito boa, extensa, mas também equilibrada.

EPICURISTA ME CONFESSO*****
Chegado ao 13º andar, abriu-me a porta o chefe de sala, impecavelmente vestido, aliás como a restante tripulação de sala, todos com fatos que parecem feitos à medida, azuis com riscas.

Sentado na poltrona, não sei se pela altitude e vista superior sobre o burgo, é transmitido um sentimento de liberdade e libertação que parece levar à abstração do mundo quotidiano.

Como abertura e para ir entretendo a boca, veio pão (aquecido), tostas, manteigas, bolinhos de bacalhau e croquetes, azeitonas, bola de carne e um pratinho com um chouriço com um toque de pimenta.

Depois, abri com um Gaspacho Andaluz, que à calda de vegetais muito bem trabalhada na cozinha, o comensal adiciona a seu gosto o pimento, tomate, pepino e croûtons.

Seguiu-se um Bife Tártaro com Whisky, confecionado à minha frente pelo empregado de sala, com manifesta arte e sabedoria, que antes de me ser servido foi levado à prova do mestre da cozinha. Volvido da prova, recebeu um pouco mais de pimenta e pronto. A acompanhar as tostas, feitas na hora. O Tártaro estava fantástico, um dos melhores que degustei até hoje, ao ponto de nem sequer ter sido preciso proceder a ajustes ao meu gosto com qualquer dos ingrediente que encontravam a rodear o prato.

Provei também o Chateaubriand com molho de cogumelos, acompanhado por umas batatas e legumes, que estava fabuloso. A carne em sangue de grande qualidade assim como o molho de cogumelos muito bem condimentado. Saliento ainda o apontamento de os cogumelos ficarem num carrinho na sala, sempre quentes e disponíveis durante a refeição, prontos a saciarem a vontade do comensal.

Não consegui fechar a refeição com queijos ou doces, porque apesar de o Portucale ser um restaurante de luxo, o espirito gastronómico não é minimalista, pelo que as dosagens também não.

A conta foi ambiciosa, mas confesso que não me arrependi de qualquer dos euros que investi, porque este tipo de requinte à mesa cada vez é mais raro, a envolvência é soberba, o serviço exemplar e de grande profissionalismo, ao que se soma uma gastronomia de grande qualidade. O jantar para duas pessoas ficou por €87,50: couvert (7€), Gaspacho Andaluz (€5), Bife Tártaro com Whisky (€24), Chateaubriand com cogumelos (€23,50), Quinta do Cotto – Tinto – 2008 (€22), Agua (3€), Cafés (€3).

Considero esta relíquia da gastronomia portuense uma autêntica joia da coroa. Uma verdadeira casa de comida e montra sobre a cidade, que recomendo e acho fundamental fazer parte da nossa história pessoal e de vivências, tendo-se obviamente possibilidade para isso. Espero que nunca caiam numa tendência de modernização do espaço, porque o que está bem e é intemporal não precisa de mudanças.

Bem-haja e obrigado pela grande felicidade que me proporcionou durante mais de 2 horas… Sem hesitação, nota máxima!

SITE: http://www.miradouro-portucale.com/

domingo, 4 de março de 2012

PORTO> FRANCESINHAS> BUFETE FASE



O Bufete Fase mora nas imediações da Praça do Marquês, na Rua Santa Catarina – 1143. Aberto de segunda a sábado, entre o meio-dia e as 21h30, e com uma pausa entre as 16h e as 18h para descanso das máquinas.
Casa muita afamada cá no burgo entre os fiéis comensais da francesinha, recheada de prémios e menções honrosas, tem construído ao longo de quase 30 anos o seu bom nome na praça, não caindo na tentação de passar do artesanal para o industrial.

A sala tem cerca de 5 mesas e um pequeno balcão onde algumas pessoas se atrevem de pé a degustar a sua francesinha, tem atrás do balcão o seu mestre José Pinto, que trabalha com habitual arte e gosto, porque o produto final não é feito de excesso de pressas. Na sala, a filha, sempre atenciosa e simpática, chega para as encomendas.

EPICURISTA ME CONFESSO****
Não arrisco a ir a este bufete que não seja fora do horário habitual de refeição. No meu caso, o ideal é sentar as pernas debaixo destas mesas por volta das 14h, porque é a forma de chegar, ver e vencer. Nas horas de ponta, é estar com paciência para esperar, que confesso não tenho nenhuma.

Quanto à Francesinha, justiça lhe faz a fama que tem, porque é realmente um dos melhores exemplares que o Porto leva até à mesa. O molho, normal ou picante, é muito bom, mas a minha preferência vai mesmo para a versão mais apetitosa. A matéria-prima é seguramente de grande qualidade, e o produto final tem alguns apontamentos interessantes como, por exemplo, o pão ser torrado e depois barrado com manteiga, antes de ensanduichado.  

Na minha apreciação, só não dou nota máxima porque acho uma falha grave, em casa tão tradicional e de boa matéria-prima, a opção pelas batatas congeladas de saco. Quanto a mim o único aspecto a mudar.

Quanto à conta, honesta. Uma Francesinha, um fino e um café e o valor andou pelos €12.
Portanto, mais uma grande Casa de Comida do Porto, obrigatória no roteiro de qualquer apreciador de francesinha. Bem haja!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

MATOSINHOS> TRADICIONAL> RESTAURANTE COSTA


O Restaurante Costa mora em Matosinhos, na zona mais rústica e tradicional da Rua Roberto Ivens – 205. Aberto ao almoço e jantar, sem hora exacta de fecho, é melhor só não bater à porta ao domingo, porque é o único dia da semana que não abrem.
Esta é uma típica casa de comida familiar, de porta aberta há mais de 50 anos, que vai na experiente segunda geração. A clientela é na sua maioria amiga e fiel há muitos anos, mas quem entra pela primeira vez nesta sala sente-se de certeza bem neste ambiente tão acolhedor.
A cozinha é tradicional portuguesa, com uma matriz muito caseira, chefiada desde sempre pela viúva do fundador, que tão bom nome deu a esta casa.
O timoneiro desta casa é o Fernando, chamado por muitos de Costa, que não o sendo também não se desfaz. É o genro da grande artesã de comida deste Restaurante, patroneando a sala com muita sabedoria e proximidade.
Tudo o que vem para cima desta mesa é proveniente de boa matéria-prima e confecionado com sabedoria e conservadorismo, mas destacam-se como especialidade o pernil de porco (cozido ou assado), o cozido à portuguesa, o arroz de frango caseiro, a cabeça de pescada, o peixe-galo com açorda de ovas e, na época, o capão.
EPICURISTA ME CONFESSO****
Este é um dos meus poisos favoritos quando estou com a gula a dar horas, mas não sei o que comer para a satisfazer. Nessa altura, pouco tempo perco a pensar e logo telefono ao Fernando a perguntar “hoje o que me dás de jantar?”…
Chegando à porta, estacionamento não é também problema, porque mesmo em frente ao Costa convive um parque de estacionamento privado para os comensais.

Mal nos sentamos, somos logo presenteados com broa e azeitonas, enquanto as pataniscas de bacalhau e as petingas, que completam as entradas habituais, vão para o tacho cozinhar.
Confesso que não sei se a carta de vinhos é grande ou pequena, porque o verde branco e tinto da casa, adquirido pelo Fernando na fonte, é de grande categoria.
Neste último jantar fui no pernil de porco cozido, acompanhado por uns fantásticos legumes, frescos e verdadeiros, ao melhor nível do melhor do que se pode encontrar no nosso burgo. Simplesmente uma dádiva divina na terra.
As sobremesas são passeadas de carrinho até à mesa, e vão das tradicionais rabanadas ao queijo com marmelada.
Quanto aos investimentos por aqui, como nunca vi a lista não os sei precisar, mas sei que pago quase sempre a módica quantia de €15 por cabeça, o que para o produto é manifestamente um bom investimento.
Quanto ao capão, este é também uma referencia por aqui obrigatória. Em dezembro, por altura da sua feira em Freamunde, o Fernando traz cerca de uma centena, que até ao final de Fevereiro já foi todo para a mesa. A minha preferência vai para o Capão à Bordalesa, que é de se comer e chorar por mais. Pena é que para o atacar é preciso pelo menos uma quadrilha à mesa.
Em resumo, uma verdadeira casa de comida portuguesa, de ambiente familiar, que recomendo e aconselho a não perderem mais tempo para a visitar…

domingo, 19 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

PORTO> BAIXA> CACHORRINHOS> Cervejaria GAZELA




A Cervejaria Gazela mora há mais de 50 anos na Batalha, mesmo ao lado do Teatro São João, na primeira casa da Travessa do Cimo da Vila – 4. Aberto todos os dias da semana, do meio-dia até às 22h30, tem o justo descanso ao fim-de-semana.

Com uma barra de cerca de 20 lugares a toda a volta do altar de trabalho dos seus sábios artesões, não existe mesas neste espaço, apenas mais uma prateleira de fora, que dá apoio a quem em pé vai satisfazendo a gula.

Quem aqui se senta, não precisa de cardápio, porque já sabe para o que vai. O rei da casa é o conhecido Cachorrinho da Batalha, que pode ser complementado com um prego no pão, ou para os que não dispensam à refeição a faca e garfo, o prego em prato.

A Gazela apesar de típica é muito conhecida entre os portuenses, tendo entre os fiéis gente eclética e de todas as idades. À hora de almoço e jantar a casa cheia é a quem mais ordena, mas como quem lá vai é para comer e dar a vez, a espera por o valioso lugar na barra é breve. No resto do dia nunca está às moscas, mas a pressão sobre a produção amaina, e o balcão descansa de tanto entra e sai.

EPICURO ME CONFESSO*****

Gosto de ir à Gazela fora das horas de ponta, o que aconteceu mais uma vez na minha última visita. Cheguei cerca das 15h, e à volta do balcão estavam cerca de 10 pessoas. Perfeito para começar com enorme satisfação esta jornada de degustação.

Ao serviço estavam 2 dos 5 intervenientes que esta casa tem a rodar entre si, que davam conta de todo o trabalho. O senhor Américo, um dos sócios, com mais de 40 anos atrás deste balcão, foi o meu interlocutor.

Pedi um tradicional 1+1, que mais não é que quando sair o primeiro cachorrinho o segundo já esta a caminho, e assim quando terminar o de abertura não é preciso esperar pelo outro porque ele já esta a caminho da barra.

Enquanto ansiosamente esperava pelos “bichinhos”, pedi um príncipe, sempre a estalarem de frescos e com gola de espuma bem desenhada.

Para fechar, pedi um prego em pão, outra das propostas seguras desta casa.

A conta é sempre em conta, e dois cachorros (2,80€ cada), um prego em pão (2,80€) e um príncipe (1,30€) ficaram por uns bem gastos 9,70€.

Estes célebres cachorrinhos da Batalha, que tal como as boas Francesinha, são também já um símbolo da gastronomia portuense.

E vir à Gazela é sempre um acontecimento de boa memória. É que para além dos célebres cachorrinhos, é importante lembrar que para esta barra saem também um dos melhores finos do burgo. Esta combinação é claramente vencedora, pelo que na nossa memória fica sempre registado o “v” de volta… e de preferência rápida…

sábado, 11 de fevereiro de 2012

PORTO> BAIXA> TASQUINHOS> Casa Guedes




O Snack-Bar Guedes, mais conhecido por Casa Guedes mora na Praça dos Poveiros - 130, em plena Baixa.
O Guedes foi tomado pelos irmãos Correia de Baião, César e Manuel ao balcão e suas mulheres na cozinha, há 23 anos, mantendo esta casa de grande tradição cá do burgo, de frequência eclética na idade e interclassista nos ofícios.

O espaço é pequeno mas acolhedor, com quatro mesas e cinco lugares na barra, mais o “santuário” que alberga o pernil em cima do balcão.
Os Correia oferecem aos seus comensais diversas sensações divinas ao paladar, como a suas conhecidas Sandes de Pernil, sandes de porco preto e um queijo da serra exclusivo da casa, para além de refeições diárias ao almoço, feitas à moda antiga, como o arroz de cabidela, vitela assada, bacalhau à braga ou à Gomes de Sá.

EPICURO ME CONFESSO****
Tinha pouco tempo para almoçar, não mais que meia-hora, pelo que decidi por uma passagem pela “Guedes”, sempre local de boa memória qualquer hora do dia.
Cheguei com pouca fome, mas no final do primeiro round com a sandes de pernil, que a mastiguei mais com os lábios do que com os dentes, a gula venceu o estômago e tive de lhe dar mais trabalho.

O pernil óptimo, muito tenro e apetitoso, com picante no ponto, a sair por fora de um pão de mistura aquecido. Antes de ser emparelhado, um apontamento digno de referência, o de passar ainda pelo molho.

A acompanhar um verde da casa, proveniente de Baião, leve com 10,5% e cor ainda turva. Pedi um copo, mas deixou-me também a garrafa. Quando pedi o segundo, disse-me simpaticamente que “faça o favor de se servir que vai ver que até lhe sabe melhor”… E soube mesmo.

Para terminar em beleza, outro clássico da “Guedes”, o queijo com doce de abóbora feito lá, que é como se diz “de comer e chorar por mais”. O queijo pode ser da serra, que orgulhosamente refere “Fabrico Especial para a Casa Guedes – Celorico da Beira” ou mais mundano o que Quinta de Arcas.
A registadora à antiga, processo uns justos 10,60€, por 2 sandes de pernil (2,50€ cada), 2 flutes de vinho verde da casa (1€ cada), o queijo de Arcas com doce de abóbora (3€) e um café (0,60€).

Enfim, tudo o que deixa boa memória deve ser recordado, pelo que a próxima visita a esta verdadeira Casa de Comida deve ser muito em breve…

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

PORTO> TRIPAS> Restaurante REI DOS GALOS DE AMARANTE




Depois da óptima surpresa de há cerca de uma semana no Restaurante Rei dos Galos de Amarante, fiquei com o sentido na cabeça e água na boca com a descrição da D. Maria Roda sobre a arte de bem cozinhar tripas. Hoje fui ao tira teimas e que tira teimas…

EPICURISTA ME CONFESSO*****

Começo por salientar a evolução da nota 4 para a 5. A razão: fabulosas tripas!

Esta é realmente uma grande casa de comida, um verdadeiro achado do bem cozinha na cidade do Porto, com matéria-prima de grande qualidade a um valor fantástico.

As tripas no ponto. O molho sem o toque de farinha que muitos tem para ficar menos aguado. A tripas muitíssimo bem lavadas e com uma cor fora do vulgar. O feijão cozido como deve ser.

Ao fim de três jornadas de tripas no prato, dei por concluído o campeonato, mas com muita pena minha porque a travessa estava vazia, senão a gula continuava a tentar-me. E não sei porquê , mas a verdade é que apesar de uma iguaria pesada ao estômago, parecia que tinha acabado uma refeição de dieta. Enfim uma das melhores tripas da cidade do Porto.

Depois, e com o andamento que estava, não resisti e fechei em beleza: requeijão com doce de abóbora com amêndoa. E que prolongamento, porque o difícil foi conseguir para de jogar com os sentidos e sensações.

O jarro de vinho da casa, não sei de honesto se muito bom, mas que soube pela vida, sem dúvida nenhuma.

Conta na mesa, e deixei lá com muito prazer 9,30€…

Fabuloso, a não perder!